terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Espaço da obra

Acto I
 A acção desenrola-se numa sala do palácio de Manuel de Sousa Coutinho. Neste espaço predomina a elegância e o luxo.
É de reter o colorido, símbolo de alegria e felicidade, transmitido pelas porcelanas, pelos xarões, pelas flores e pelas tapeçarias.
As janelas permitem a união entre o interior e o exterior e possibilitam a visualização de um plano amplo, onde se recorta o Tejo e "toda Lisboa". Esta amplitude visual estabelece a relação entre a própria abertura do espaço e a liberdade das personagens (sobre as quais a força do destino não agiu ainda).
 O retrato de Manuel de Sousa Coutinho, vestido com o traje dos cavaleiros de Malta, origina a associação metonímica ao seu próprio palácio (no final do primeiro acto, D. Madalena tenta desesperadamente, sem o conseguir, salvar este retrato que é devorado pelas chamas que destroem toda a casa).
É igualmente relevante a referência às portas de comunicação para o interior e para o exterior do aposento - estas simbolizam quer a possibilidade de comunicação entre as personagens, que se vai tornando menor, à medida que a acção concentra o estigma da fatalidade que vitimará a família, quer a hipótese das personagens se moverem em espaços interiores e exteriores de uma forma natural, evidenciando a sua autonomia, que será progressivamente negada com a evolução dos acontecimentos.
Finalmente, ainda na linha da leitura simbólica, é de salientar as "obras de tapeçaria meias feitas", pois a felicidade paradisíaca que esta peça decorativa representa não assume um carácter de completude e a trama da tapeçaria simboliza as malhas do destino.

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