terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Acto 2

O segundo acto revela-nos o interior do palácio de D. João de Portugal, situado em Almada.
A acção decorre num salão decorado com um "gosto melancólico e pesado". Retratos da família ornam as paredes; encontram-se aqui também os retratos de D. Sebastião, de Camões e de D. João de Portugal. Comum a todos estes retratos é a ideia de um passado extinto, representado pelas imagens que transportam para o presente esse outro tempo. Os quadros nomeado estão igualmente conotados com a perda: D. Sebastião, tal como D. João, havia desaparecido na batalha de Alcácer Quibir; Camões é o símbolo de uma epopeia que havia sido esquecida com o domínio filipino em Portugal.
Os reposteiros que cobrem as portas que dão quer para o exterior quer para o interior fecham a imagem do espaço que se situa para além dessas portas, significando a clausura progressiva das personagens em si mesmas, abandonadas à sua ansiedade e ao seu sofrimento, o que coincide com a aproximação do final trágico. Um reposteiro cobre ainda as " portadas da tribuna que deita sobre a capela da Senhora da Piedade, na igreja de São Paulo dos Domínicos de Almada". De facto, já no cenário que domina o segundo acto, podemos vislumbrar o espaço onde decorrerá o duplo suicídio para o mundo e a morte de Maria: a capela, o que enfatiza a relação entre um espaço mais fechado e o sentimento de aprisionamento das personagens, como que subjugadas a um cerco por esse mesmo cenário.
O palácio de D. João de Portugal, que inclui o seu próprio retrato funciona como uma cisão entre dois momentos distintos da vida de D. Madalena com o seu segundo marido, indiciando a separação do casal.

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