Os Lusíadas celebram os
Portugueses enquanto nação, colectividade. Para isso, o poeta desenvolve uma
história de Portugal como epopeia, seleccionando os episódios e as figuras, de
modo a fazer avultar o lado heróico e exemplar da História, cantando-a. Por
outro lado, o poema tende à universalidade, louva não só os Portugueses mas o
homem em geral: a sua capacidade realizadora, descobridora. A empresa das
descobertas é a grande prova dessas capacidades: a de se impor à natureza
adversa, de desvendar o desconhecido, de ultrapassar os limites traçados pela
cultura antiga e pelo conceito tradicional do homem e do mundo, que estavam
dogmatizados e eram difíceis de superar. Os Lusíadas celebram a
capacidade de alargar e aprofundar o saber; a realização do homem no que
respeita ao amor e, por fim, talvez o mais importante, o poder de edificar a
vida face ao destino. De não ser vítima da fatalidade. De se libertar e de ser
sujeito do seu próprio destino. Por isso, um dos temas épicos consiste na
comparação sistemática com os modelos antigos, com o apogeu na divinização dos
heróis.
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